sexta-feira, 25 de maio de 2012

Da Película para o Digital #4



LET THERE BE LIGHT é um documentário, realizado entre 1944 e 1946 por John Huston, que retrata os procedimentos clínicos junto de soldados diagnosticados com stress pós-traumático durante a Segunda Guerra Mundial.

Uma obra de cinema documental totalmente pioneira, entrecruza o testemunho visual verídico de militares psicologicamente afectados com um estilo de realização e iluminação de cenas próprios da Hollywood daquela época.

As suas imagens, ainda capazes de impressionar o espectador contemporâneo, causaram definitiva sensação aquando da sua data de produção: o exército norte-americano — não obstante tratar-se de uma encomenda com fins de divulgação militar — decidiu confiscar o filme e nunca o exibir publicamente, alegando "potenciais efeitos desmoralizadores em futuros recrutamentos" e "invasão da vida privada dos soldados filmados".

Embora tenham sido efectuadas algumas cópias do filme, a natureza "clandestina" das mesmas não favoreceu a sua devida preservação. Para além disso, nem mesmo o próprio John Huston tinha conhecimento do paradeiros dos materiais originais.



Em 2010, LET THERE BE LIGHT foi classificado pela Biblioteca do Congresso como historicamente significante e, 60 anos depois, por intermédio da National Film Preservation Foundation (NFPF), devidamente preservado.

O resultado do primeiro esforço de restauro do documentário está disponível, temporariamente e na íntegra, on-line (o site da NFPF também permite o download do filme):



Neste título, é interessante observar os pormenores, elencados pela NFPF, do restauro fílmico de LET THERE BE LIGHT.

Áudio: para o restauro, foi utilizada a melhor cópia disponível em 35mm com área variável de banda sonora óptica, a qual apresentava edição descuidada e ruidosa entre cenas, flutuações nos níveis de som e diálogos sibilantes; procedeu-se à conversão digital da banda sonora, a partir do qual se removeram sibilantes e estalidos e se corrigiu outras irregularidades.

Imagem: para o restauro, foi produzido novo negativo, através de sistema wet gate de duplicação (que permite obter uma imagem mais limpa de riscos duplicados), a partir de uma cópia em acetato de grão fino — em bom estado apesar de apresentar riscos e escoriações na base do filme — e que foi temporariamente imersa num banho químico para preencher o espaço dos danos físicos nos fotogramas; o novo negativo foi digitalizado em alta definição (a primeira versão é a que se encontra actualmente disponível para visualização e download); estão planeados a conversão desta digitalização para uma resolução de 2k (2048 por 1556 pixels) e o trabalho contínuo de remoção de sujidade, pó e riscos na imagem.

[Fontes: National Film Preservation Foundation e msnbc.com Entertainment.]

2 comentários:

  1. Adoro as tuas descobertas, a sério. :) Fiquei curiosa. Irei vê-lo muito brevemente.

    Cumprimentos cinéfilos :*

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  2. Ainda bem que consegui despertar curiosidade :P

    Para além dos pormenores em torno do seu restauro, o próprio assunto é bastante cativante. Recomendo muito!

    Cumps cinéfilos :*

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