domingo, 18 de novembro de 2012

A Preservação Cinematográfica não espera por Despachos Ministeriais



«E há, instalado numa quinta perto de Bucelas, o que permite programar estas salas — o Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (ANIM). Também aqui o célebre despacho de 12 de Setembro tem consequências. Rui Machado, director do ANIM, explica que este laboratório é "único em Portugal e um dos poucos na Europa a fazer restauro fílmico analógico" e que, apesar de a sua principal função ser sempre a preservação do património fílmico português, "podia ser uma fonte de receitas adicional para a Cinemateca", fazendo mais trabalhos para outros países. O problema, mais uma vez, é que "está a ser limitado" não só pelo pequeno orçamento, mas sobretudo, mais recentemente, pelos entraves burocráticos.

O trabalho implica máquinas especializadas, e a manutenção destas tem que ser garantida por técnicos (especializados também, dado que se trata de sistemas que começam a sair de circulação), que não pertencem aos quadros da Cinemateca. "Se tivermos uma avaria numa máquina, não podemos estar dois meses à espera da autorização das Finanças."

Um caso destes pode afectar os cofres climatizados onde estão guardados os filmes (os mais antigos, em suporte de nitrato, estão num
bunker, afastado, com medidas especiais de segurança, para evitar qualquer risco de incêndio). Se houver uma avaria, o controlo climático deixa de ser possível, e isso afecta a película.

Este é o problema provocado pela burocracia.
»

Cinemateca: histórias de um quotidiano kafkiano, por Alexandra Prado Coelho, in Público, 17 de Novembro de 2012.

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